ATA DA DÉCIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 09-3-2009.

 


Aos nove dias do mês de março do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, DJ Cassiá, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Fernanda Melchionna, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juliana Brizola, Maria Celeste, Nelcir Tessaro e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Pancinha, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: pela Mesa Diretora, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/09 (Processo nº 0957/09) e pelo Vereador Elói Guimarães, o Projeto de Lei do Legislativo nº 008/09 (Processo nº 0533/09). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 050, 051 e 052/09, do Senhor Valdemir Colla, Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal – CEF –; 10112361 e 10112622/09, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se os Vereadores João Carlos Nedel e João Pancinha. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença, neste Plenário, do Vereador Airton Souza, da Câmara Municipal de Canoas – RS. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou os Senhores Vereadores para, de forma conjunta, procederem à entrega de lembrança relativa ao Dia da Mulher às Vereadoras Fernanda Melchionna, Juliana Brizola, Maria Celeste e Sofia Cavedon. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o Vereador Reginaldo Pujol. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, pronunciou-se a Vereadora Fernanda Melchionna. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os Vereadores Elias Vidal, Maria Celeste e Airto Ferronato. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou que iria se ausentar da presente Sessão para participar da primeira reunião do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre. A seguir, constatada a existência de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo Vereador Adeli Sell, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os Vereadores Engenheiro Comassetto e Ervino Besson. Após, o Senhor Presidente registrou as presenças do Senador Cristovam Buarque, do Deputado Federal Pompeo de Mattos, do Deputado Estadual Adroaldo Loureiro e do Senhor Romildo Bolzan, Prefeito Municipal de Osório – RS –, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Vereadora Juliana Brizola, que saudou os visitantes. Também, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senador Cristovam Buarque, que analisou questões atinentes ao sistema educacional brasileiro, registrando seu posicionamento favorável à implantação de um Piso Nacional de Salários dos Professores Públicos. A seguir, a Vereadora Sofia Cavedon e os Vereadores João Antonio Dib, Pedro Ruas, Toni Proença, Airto Ferronato, Luiz Braz, Haroldo de Souza, DJ Cassiá, Mauro Zacher, Waldir Canal e Reginaldo Pujol manifestaram-se acerca do pronunciamento efetuado pelo Senador Cristovam Buarque. Ainda, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senador Cristovam Buarque, para considerações finais em relação às manifestações dos Senhores Vereadores sobre o tema abordado por Sua Excelência. Em continuidade, o Senhor Presidente procedeu à entrega, ao Senador Cristovam Buarque, de exemplar do livro “Porto Alegre – Cenas urbanas, paisagens rurais”, do Fotógrafo Eurico Salis. Às quinze horas e cinquenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e dois minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi apregoado o Ofício nº 147/09, do Senhor José Fortunati, Prefeito Municipal de Porto Alegre, em exercício, informando que o Prefeito Municipal José Fogaça se ausentará do Município das dez horas e dez minutos às vinte e duas horas e trinta minutos do dia de hoje, quando participará de reunião com a Senhora Dilma Vana Rousseff, Ministra-Chefe da Casa Civil, a ser realizada às dezesseis horas, em Brasília – DF. Às dezesseis horas e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos para a realização de reunião conjunta de Comissões Permanentes, sendo retomados às dezesseis horas e vinte e três minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se a Vereadora Fernanda Melchionna e os Vereadores João Antonio Dib, Dr. Thiago Duarte e João Carlos Nedel. Na oportunidade, o Vereador Haroldo de Souza cedeu seu tempo em Comunicações ao Vereador Dr. Thiago Duarte. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei do Legislativo nos 270 e 271/08. Às dezesseis horas e quarenta e oito minutos, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo, Adeli Sell e Toni Proença e secretariados pelo Vereador Nelcir Tessaro. Do que eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Ver. Adeli Sell, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, na última quinta-feira foi realizada nesta Casa a Audiência Pública a respeito do Projeto do Pontal do Estaleiro. Eu queria cumprimentar o Presidente da Câmara, Ver. Sebastião Melo, pela sua sensibilidade de requerer de ofício essa Audiência Pública para que esse Projeto fosse o mais transparente possível, e que a sociedade pudesse se manifestar. Meus parabéns ao Presidente Sebastião Melo. Naquela ocasião não me manifestei, porque achei o tempo muito exíguo para que eu pudesse fazer algumas colocações. Primeiramente, quero dizer, claramente, que sou totalmente a favor desse Projeto, porque ele traz desenvolvimento, e desenvolvimento sustentável, e progresso para a nossa Cidade. Afora isso, esse Projeto vem contribuir fortemente com o turismo em Porto Alegre. E já aproveito para informar os Srs. Vereadores componentes da Frente Parlamentar do Turismo que amanhã, às 9 horas, haverá a Sessão de Instalação da Frente Parlamentar do Turismo, a que todos os 28 Vereadores componentes, que já se inscreveram, estão convidados a comparecer. Eu queria dizer que o Projeto do Pontal do Estaleiro traz desenvolvimento e progresso a esta Cidade. Eu queria fazer uma colocação no sentido de que, tristemente, nós estamos numa crise financeira, econômica, global que está afetando, direta ou indiretamente, os porto-alegrenses, e falo nos porto-alegrenses, porque somos Vereadores desta Cidade. Já ouvimos que o desemprego é uma realidade e está aumentando. Vemos várias empresas reduzindo a sua atuação, a sua atividade e, consequentemente, reduzindo também os empregos. Eu queria dizer que este Projeto pretende já trazer 800 empregos diretos e indiretos durante a sua construção em aproximadamente dois ou três anos. E, depois da sua conclusão, trará aproximadamente 300 empregos fixos, eternamente, para seu funcionamento.

Eu queria também dizer que Porto Alegre não pode, sob pena de grande responsabilidade, mandar esse investimento de 150 milhões de reais embora desta Cidade. Nós já tivemos equívocos anteriores, mas, em função da crise global, nós não podemos mandar embora um investimento de 150 milhões de reais.

 

O Sr. Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, primeiro, quero cumprimentá-lo pela iniciativa da Frente Parlamentar em Defesa do Turismo em nossa Cidade.

Em segundo lugar, eu queria registrar e dialogar com o senhor e com os demais colegas no sentido de que na revisão do Plano Diretor, no Capítulo Desenvolvimento Econômico, não veio nenhum estudo do Executivo no sentido de nós fomentarmos o Turismo. Portanto, creio que este é um tema sobre o qual teremos que nos debruçar aqui, dentro desse Capítulo de Desenvolvimento Econômico, introduzindo essa temática e orientando conceitualmente e legalmente como poderemos promover o Turismo em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito bem. Quero cumprimentá-lo, Vereador, pela sua sensibilidade; realmente é de extrema importância a sua colocação, porque o Turismo é a grande opção para enfrentar essa crise, é uma opção em que praticamente o Poder Público não necessita investir, mas, sim, incentivar a atividade produtiva, o trading turístico, e eles darão a resposta.

Mas eu queria dizer que, quanto ao Projeto do Pontal do Estaleiro, muitos equívocos foram colocados nesta Casa oriundos também da nossa sociedade com relação a este Projeto. Alguns diziam, Ver. João Pancinha, que haveria problema de mobilidade urbana. Eu acho que até traz problemas a esse respeito, sim. Mas o que acontece, Ver. DJ Cássia? Ele praticamente obriga o Executivo a fazer as obras necessárias. Veja, já foi duplicada a Av. Diário de Notícias, que está muito boa. Será duplicada a Av. Edvaldo Pereira Paiva, uma necessidade. Então, um investimento pressupõe outro, e as coisas andam. Agora, se nada acontece, nada acontecerá.

Outras alternativas: a Av. Coronel Massot, Dr. Thiago, a sua duplicação, a sua expansão foram feitas até a metade pelo Governo anterior, depois, faltou dinheiro. Está lá o espaço pronto, aguardando só fazer mais uns 500 metros, 600 metros de expansão. A expansão da Av. Coronel Massot, então, é uma alternativa de fuga da Av. Diário de Notícias. Também a Av. Tronco, que está paralisada há muito tempo, por motivos até hilariantes - e não convém que eu os exponha aqui nesta tribuna -, mas também por motivos de recursos financeiros; veja, a Av. Tronco será duplicada.

Está em andamento, nesta Cidade, um Projeto espetacular chamado Socioambiental, que irá, Ver. Dr. Thiago - V. Exª que cuida muito dos temas sobre Saúde nesta Casa e também trabalha nessa área na sua atividade profissional -, tratar mais 50% do esgoto em Porto Alegre. Hoje, somente 27% do esgoto é tratado. Com esses 50%, esse índice vai subir a 77%, o que já é um avanço muito grande para a nossa Cidade. E esse Projeto é orçado em aproximadamente meio bilhão de reais! É um investimento grande, financiado pelo Banco Mundial, pela Caixa Economia Federal e com recursos próprios da nossa Prefeitura também. Esse Projeto prevê, ao lado do arroio Cavalhada, uma avenida com duas pistas de cada lado do arroio, circundando-o, e esse vai sair desde a Av. Diário de Notícias até aquela curva da Av. Cavalhada. Então, isso tudo irá praticamente solucionar o problema de mobilidade urbana naquela Região.

Eram esses os detalhes que queríamos explicar. Mas o que me preocupa é que temos 720 vilas irregulares em Porto Alegre - isso oficialmente; dizem-nos que já chegam a 800, não é, Ver. João Antonio Dib? -, temos casas construídas dentro do lago Guaíba - dentro -, em cima de arroios da nossa Cidade; temos escarpas onde, realmente, se cair uma chuva muito grande, se houver algum problema, haverá desmoronamentos, acarretando problemas sérios para a nossa Porto Alegre. Então, essas 720 vilas irregulares, Ver. Pujol, necessitam uma atenção especial desta Casa.

E aí, quando temos um Projeto que a Prefeitura vai acompanhar, vai tudo ser legalizado, vão ser todos os detalhes feitos de acordo com a legislação, e nós ficamos transferindo a decisão desta Casa? É uma pena! São 150 milhões que o investidor irá investir, e vai investir 11 milhões somente em investimentos para beneficiar a população de Porto Alegre diretamente, pois vai urbanizar aquela parte da orla, vai fazer uma via pública de 20 metros, uma passarela de 32 metros, uma ciclovia; vai fazer um tapume que irá elevar o nível a cinco metros do nível do lago, o que é necessário para que se construam também residências e que não haja mais problemas de alagamentos naquela região. Vai fazer uma marina pública e vai remodelar aquele cais, que servirá de estação de passageiros, se for o caso. Mas, em cima, haverá uma área de lazer, um bar, um restaurante, o que permitirá que todo porto-alegrense vá até lá ver o pôr-do-sol do Guaíba com extrema segurança. É um incentivo ao nosso Turismo, é um investimento importante para a nossa Cidade.

Falando em Turismo, eu gostaria de cumprimentar os 28 Vereadores que já se inscreveram na Frente Parlamentar do Turismo. Há muitos anos, Ver. Adeli Sell, V. Exª vem lutando também nessa área do Turismo, e há muitos anos nós dissemos aqui, Ver. Airto Ferronato, quando V. Exª foi o ilustre Presidente desta Casa, que Porto Alegre tinha extrema possibilidade e vocação turística. E fica, Ver. Marcello Chiodo, sempre naquela “possibilidade”, que nós temos a vocação, mas não se concretiza. Nós precisamos começar a concretizar. Nós temos tantos projetos importantes nessa área, temos o Cais do Porto, importantíssimo, que está na parte final para vir a esta Casa para que também seja autorizado um projeto especial para a orla do Cais Mauá, que vai ser uma grande atração turística para a nossa Cidade, e, especialmente, quem irá aproveitar serão os habitantes de Porto Alegre, porque não se sustenta sem a parceria da população porto-alegrense.

Nós temos o projeto de 32 quilômetros de ciclovia, e isso também vai atrair turistas para a nossa Cidade, vai facilitar a mobilidade urbana e vai deixar o trânsito mais saneável, porque hoje o trânsito da nossa Capital está cada vez com maiores dificuldades.

Então, eu quero convidar os Srs. Vereadores para amanhã, exatamente às 9 horas, aqui ao lado, no Teatro Glênio Peres, participarem da Sessão de Instalação da Frente Parlamentar do Turismo. Terá apenas 30, 35 minutos de duração, bem objetiva, Ver. Reginaldo Pujol, porque eu sei que depois terão várias reuniões das Comissões Permanentes desta Casa. Fica o convite para esses 28 Vereadores, e ainda há tempo de outros Vereadores se agregarem à Frente Parlamentar do Turismo, porque nós precisamos incentivar essa vocação de Porto Alegre, essa vocação que traz emprego, renda e trabalho, justamente para os mais necessitados da nossa Cidade. Portanto, fica o convite para amanhã, às 9 horas, no Teatro Glênio Peres. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado, Ver. João Carlos Nedel. O Ver. João Pancinha está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO PANCINHA: Nobre Ver. Adeli Sell, presidindo a Sessão desta tarde; Vereadores e Vereadoras; público que assiste à TVCâmara; ouvintes da Rádio Câmara, eu quero iniciar, fazendo uma saudação toda especial ao Dia Internacional da Mulher, transcorrido na data de ontem, extremamente merecido, um dia que homenageia, na minha opinião, aquela pessoa que é a base da nossa sociedade, a base da nossa família: meu abraço carinhoso a todas as mulheres.

Tenho trazido um tema aqui, utilizando a tribuna algumas vezes, sobre os bancos sociais da FIERGS em conjunto com organizações não-governamentais, como o Rotary, por exemplo, e frisei muito, na última participação, a doação de pele. O Banco de Tecido Humano foi um convênio estabelecido entre o Conselho de Cidadania da FIERGS, em que o Rotary e outras organizações não-governamentais fazem parte, e a Refinaria Alberto Pasqualini, que dotou a Santa Casa com um milhão de reais para a obtenção de equipamentos para esse tipo de intervenção.

Aqui, no Rio Grande do Sul, nós somos praticamente pioneiros nesses transplantes e utilizávamos muito o Chile para realizar esses transplantes. E trago esse assunto novamente, Ver. Dr. Raul e Ver. Dr. Thiago, porque no jornal Correio do Povo de hoje há uma matéria que fala justamente sobre o aumento da doação de pele no Rio Grande do Sul. Então, de 2005 para cá, houve um aumento de mais de 400% em doação de pele aqui no Rio Grande do Sul, e Porto Alegre é uma referência nesse transplante, porque é um dos pioneiros. Para termos uma idéia, no Brasil só temos Banco de Pele em Porto Alegre e em São Paulo, e na América do Sul, além de Porto Alegre e São Paulo, temos em Buenos Aires, Montevidéu e Santiago, no Chile. Então, eu saúdo o progresso que esses bancos sociais estão tendo, especificamente no sentido de doação de pele, quando, em quatro anos, houve um acréscimo de 400% aqui no Rio Grande do Sul.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Antes de V. Exª mudar de assunto, quero manifestar a minha integral solidariedade ao seu pronunciamento nesse particular. É indiscutível a importância que a cidade de Porto Alegre tem na área de prestação de socorros médicos os mais variados e os mais especializados. Porto Alegre se transforma numa referência nacional na área de transplantes, na área de queimados, e acho que nesta Casa, que há dois anos já se integrou a esse movimento, nada, absolutamente nada pode ocorrer que não seja somar-se a esse esforço que as entidades não-governamentais, com o apoio frequente do Poder Público, procuram realizar, atenuando algumas deficiências, em que o sistema público, sabidamente pela sua condição universalista, está presente. Tem V. Exª, por conseguinte, o meu mais amplo e solidário apoio.

 

 O SR. JOÃO PANCINHA: Muito obrigado, nobre Ver. Reginaldo Pujol. Eu sei da sua batalha também nesse aspecto, como rotariano um pouquinho mais antigo do que eu no Rotary. Participei hoje - e quero trazer esse tema porque vou lincar dois assuntos, falar de dois extremos - na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, da posse dos novos conselheiros do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente. Estavam lá todos os conselheiros que vão trabalhar nos próximos anos, justamente para que o Estatuto da Criança e do Adolescente continue a sair do papel. E eu quero lincar o assunto que trago hoje, que é o assunto da terceira idade ou da melhor idade como gosto de falar. Sabemos todos que a expectativa de vida está aumentando, a expectativa de vida aqui em Porto Alegre, por exemplo, é de 73 anos, e eu creio que nós devemos aproveitar a experiência e o desejo dessas pessoas de mais idade de participar da vida comunitária e da sociedade porto-alegrense. Nós, Vereadores e Vereadoras, temos uma responsabilidade muito grande, como entes públicos que somos, de proporcionar que essas comunidades tenham essa participação, porque a oportunidade que se depreende é maravilhosa no sentido de que esses cidadãos que passaram a sua vida inteira trabalhando, que hoje estão cheios de “gás”, estão com vontade de prestar serviços, que eles possam, por intermédio das associações comunitárias, Ver. João Antonio Dib, por intermédio dos clubes de mães, dos clubes de senhoras, trazer a sua experiência para dentro da sua comunidade, Ver. Luiz Braz, para que possam trazer a sua visão de vida e que possam, então, fazer a ligação com os jovens e os adolescentes.

Então, parece-me que nós, como Vereadores e Vereadoras, temos a obrigação de facilitarmos esse engajamento dos cidadãos da terceira idade, da melhor idade, nesse sentido. Proponho, aqui, que façamos, Ver. Tessaro, um grande mutirão dentro das nossas comunidades que representamos aqui, e que a gente consiga levar as experiências desses cidadãos, dessas cidadãs, para dentro das associações comunitárias, dos clubes de mães, para que, então, a comunidade possa ser servida dessa experiência que, muitas vezes, falta aos nossos jovens.

O Ver. Nedel comentou a respeito do Pontal do Estaleiro, e aqui eu quero fazer uma pequena referência à nossa Audiência Pública que tivemos na quinta-feira passada, quando se tratou de diversos temas, mas me parece que a questão Pontal do Estaleiro hoje está no seguinte aspecto: permitimos a construção mista ou apenas a construção privada? E muito se tem dito contrariamente à construção mista, porque vai aumentar a densidade demográfica da região. Eu discuto um pouco essa questão, porque, na realidade, hoje, nós passamos muito pouco tempo dentro das nossas residências, que ficam mais desabitadas do que o nosso local de trabalho. Então, parece-me, Dr. Raul, que essa questão da densidade demográfica, para contribuição, por exemplo, do esgoto cloacal, cai por terra, porque nós ficamos muito mais tempo dentro dos nossos comércios, dentro dos nossos escritórios do que propriamente dentro de casa, Engenheiro João Antonio Dib. Eu faço uma comparação: um apartamento, onde morariam cinco pessoas, durante o dia, praticamente irá ter uma pessoa - às vezes, nenhuma pessoa dentro do apartamento, contribuindo quase que nada ao esgoto cloacal, por exemplo, enquanto que, no comércio, no escritório, onde temos cinco pessoas, por oito ou dez horas do dia, Ver. Ervino Besson, teremos as pessoas, diariamente, de segunda a sexta-feira, fazendo esse tipo de contribuição.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Pancinha, desde já agradeço pelo aparte. Como V. Exª é um engenheiro conhece como poucos os problemas da nossa Cidade, porque é do seu ramo, da sua profissão. Acho que V. Exª está tocando em um ponto fundamental. Hoje, todo o mundo reclama, porque acham que todos os cidadãos têm que ter acesso ao rio. Nós concordamos. Eu pergunto a V. Exª: como está hoje o Pontal do Estaleiro, as pessoas irão ter acesso ao rio? É impossível, como está hoje, as pessoas terem acesso ao rio; para que isso aconteça, tem que modificar aquela área. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO PANCINHA: Muito obrigado, Ver. Ervino Besson, pela sua participação. Realmente, aquela área, que hoje é privada, vai proporcionar, pelo que nós entendemos e temos visto, um retorno de mais de 50% de sua área em benefício da nossa comunidade. Então, esses dois aspectos que eu trago aqui me parecem de relevância para que a gente tenha uma definição em relação ao Pontal do Estaleiro. É um assunto que entrará em pauta, não se esgotará nesses próximos dias, mas me parece, Ver. Bernardino Vendruscolo, que nós precisamos colocar os pingos nos is. A questão da densidade demográfica me parece que cai por terra, porque o espaço vai ser muito mais adensado populacionalmente se for apenas comércio, porque, de segunda a sexta-feira, teremos diariamente as pessoas ali tendo a sua participação; e, no final de semana, nós teremos aquele ambiente fechado, sem a possibilidade de a população utilizá-lo, Ver. Bernardino Vendruscolo

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Colega Ver. Pancinha, obrigado pelo aparte. Eu queria também contribuir, dizendo que o que mais encarece hoje a taxa condominial é a segurança. Sem sombra de dúvida, o sistema de portaria, a vigilância, enfim, é o que mais encarece a despesa do condomínio.

Por isso a necessidade de se fazer empreendimentos mistos, porque, quando o empreendimento só tem finalidade comercial, realmente - e nós temos aqui vários exemplos -, os empreendedores, os proprietários têm dificuldades de locar, dado o alto custo do condomínio. Então, quando nós temos uma propriedade mista, um condomínio misto, a taxa condominial tende a se reduzir, por isso eu quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento. Obrigado.

 

O SR. JOÃO PANCINHA: Muito obrigado pela oportuna intervenção, Ver. Bernardino, porque, realmente, esse também é um dado que nós temos que ter em mente: a questão do condomínio, a cota condominial.

Então, colegas Vereadores e Vereadoras, eu peço que reflitamos, que ponderemos sobre a questão do Pontal do Estaleiro e que tratemos exatamente do que deve ser tratado, comercial, ou misto, e que a gente tenha uma análise técnica, uma análise ambiental, mas desconfigurada de apelos políticos, e que levemos a um bom termo aquela questão que, no meu ponto de vista, para Porto Alegre, será fundamental.

E, mais uma vez, eu conclamo os nobres Vereadores e Vereadoras para que façamos um esforço, e, em conjunto, possamos atender às nossas comunidades, dando uma oportunidade às nossas pessoas da terceira idade, da melhor idade, para que tenham uma participação efetiva nas suas comunidades, levando as suas experiências de vida, levando as suas experiências profissionais, e que esclareçam e ajudem os nossos jovens a terem um futuro melhor. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Agradeço ao Ver. Adeli Sell pela condução dos trabalhos até o momento.

Quero registrar, com muita alegria para nós, a presença do Ver. Airton Souza, do PSDB, de Canoas. Bem-vindo, Vereador, sinta-se em casa. (Palmas.)

Quero, também, dizer - a Verª Fernanda está chegando -, que participei, no sábado, de uma atividade referente ao Dia da Mulher, no Camelódromo, distribuindo a Cartilha. Em nome de todos os Vereadores, quero dizer que o histórico caminho trilhado pelas mulheres em busca de respeito à sua dignidade pessoal, social e profissional é árduo e tem-se mostrado longo. Hoje, as mulheres já elencaram muitas conquistas nesse sentido, mas muito ainda pode ser feito e modificado nessa história. Todos nós partilhamos da responsabilidade sobre o esforço para a tentativa de diminuição do preconceito e contra a desvalorização da mulher. A reflexão e o reconhecimento do papel da mulher na atual sociedade é que marcam o transcurso do seu dia. Parabenizamos todas as mulheres pelas suas lutas diárias, e a elas externamos o nosso reconhecimento.

Agora, convido todos os Vereadores para oferecermos, aqui, um singelo, mas carinhoso mimo às nossas quatro Vereadoras, que simbolizam as mulheres desta Casa, as funcionárias e todas as mulheres de Porto Alegre. (Palmas.)

 

(Procede-se à homenagem referente ao Dia Internacional da Mulher.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senhores, nós, em seguida, estaremos recebendo o Senador Cristovam Buarque aqui na Casa, uma articulação feita pela Verª Juliana Brizola. Conforme acordo de Mesa, neste momento, se usariam os tempos de Liderança para que pudéssemos levar a Sessão até a chegada do Sr. Senador, e, depois da saída do Senador, nós vamos enfrentar a discussão, em Reunião Conjunta das Comissões, do Projeto do Pontal do Estaleiro.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. João Pancinha, quando ocupou a Tribuna do Grande Expediente, enfocou mais de um assunto. Felizmente, eu lhe dei o aparte no momento certo, quando ele falava a respeito desse trabalho importante que as Organizações Não-Governamentais, especialmente aquelas ligadas à FIERGS, vêm realizando em Porto Alegre na área da Saúde Pública, especialmente na área dos queimados, na reposição de pele. É que após ele enveredou para um assunto que eu não poderia falar, sob pena - eu dizia para o Ver. Ferronato - de ser acusado de estar legislando em causa própria, já que ele falava na terceira idade. Nem tampouco nós pretendemos que sejam estabelecidas quotas para nós, assim como há quota para quase tudo - não, não, nós não queremos que tenha uma quota que nos garanta um determinado percentual obrigatoriamente dentro do Legislativo! Só votaremos se assim for a vontade popular. Neste particular não tem de existir quotas; tem de ter jovens como nós temos aqui: Vereadores muito jovens, e alguns não tão jovens que nem eu, e uns mais maduros como o Ver. Dib.

O que eu queria dizer neste particular, é que - meu caro Vereador, V. Exª que mexe tão bem nessa área -, nós vivemos hoje uma realidade nova no Brasil, e este aumento da expectativa de vida não é um fato que ocorreu por vontade divina ou por uma situação aleatória, tem a sua razão de ser: é que as Políticas Públicas na área de Saúde, apesar de muito equacionadas para as deficiências que indiscutivelmente elas têm, propiciaram já desde antes do nascimento das pessoas, uma ambiência que permite ter essa expectativa com naturalidade.

E aí, Ver. Pancinha, é que eu complemento aquele aparte que eu lhe concedi durante a sua intervenção, eu não quis me exceder, é que eu vinculo ao seu pronunciamento uma realidade que Porto Alegre vem vivenciando ao longo dos tempos. Nós temos aqui em Porto Alegre um dos melhores centros de atendimento médico de todo o País. Nossos hospitais, como por exemplo o Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, são referência nacional. É o comum virem pessoas de outros Estados e até mesmo de outros países para serem atendidas na nossa rede hospitalar para fazer uma cirurgia mais delicada ou terem um atendimento mais específico como aquele que o Banco de Tecidos Humanos, o Banco de Peles propicia.

Essa característica que Porto Alegre vivenciou tem que ser estimulada; temos que tratar a nossa rede hospitalar de uma maneira diferenciada, criando estímulos para que ela continue a se desenvolver, porque, ao lado dessa qualificação que o tempo vem apresentando, lamentavelmente há levantamentos que indicam que está caindo o índice de leitos hospitalares para a população de Porto Alegre. E perguntaria até se alguém lembra, nos últimos tempos, da inauguração de um novo hospital em Porto Alegre. Infelizmente, só lembramos do fechamento de antigos hospitais de Porto Alegre, como foi o caso do Hospital Lazzarotto, até hoje altamente chorado pela população, já que a sua posição estratégica ali no Passo D’Areia lhe dava uma importância significativa.

Por isso, então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, neste dia em que vamos ouvir uma das mais autorizadas pessoas na área da Educação, faço este registro na área da Saúde Pública, porque discutiríamos até qual seria a primeira das prioridades em políticas públicas: se é a Saúde ou a Educação; ou a Educação e a Saúde? Até chegarmos à conclusão de que uma corre em paralelo com a outra, porque, afinal, elas se complementam. Um povo bem-educado é mais saudável; um povo mais saudável busca uma melhor educação. Por isso, então, o registro que faço, provocado, no bom sentido, pela manifestação do Ver. Pancinha, é para buscar, nesta hora em que se debatem alguns projetos, que essas questões entram diretamente no debate para que se faça uma reflexão objetiva sobre elas. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Ver. Adeli, solicito que V. Exª reassuma os trabalhos, porque o Conselho de Cidadãos de Porto Alegre está reunido aqui, na sua primeira reunião, pedindo que eu vá lá na abertura. Irei lá levar os cumprimentos de todos nós ao Carlos Alberto Pippi da Motta.

A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa-tarde, Sr. Presidente, Sras Vereadoras, uma boa-tarde muito especialmente para as nossas companheiras Vereadoras da Casa, guerreiras, mulheres, às quais, depois do meu tempo de Comunicação, faremos a nossa homenagem e as nossas considerações sobre o Dia da Mulher.

Srs. Vereadores, público que nos assiste, hoje, o que nos traz aqui na tribuna é justamente o fato de estarmos comemorando, entre aspas, um mês do Centro Popular de Compras da nossa Capital. Em 9 de fevereiro foi aberto o camelódromo, o famoso camelódromo no Centro de Porto Alegre, e hoje, então, completa um mês da sua abertura, sem termos muito o que comemorar. Na verdade, todos sabem a pressão política que houve para que se tirassem os trabalhadores ambulantes da rua, tanto pelo CDL, os Dirigentes Lojistas, quanto pela pressão que se fez, no Centro da Cidade, para tirar os trabalhadores informais dali, como se eles disputassem espaço com as lojas do Centro.

Houve uma política, portanto, de proibir que esses trabalhadores vendessem os seus produtos na rua, sob o argumento de limpar, entre aspas, as ruas, e esvaziar, entre aspas, as ruas, o que fez com que centenas de trabalhadores informais e ambulantes ficassem também com suas panelas vazias, já que muitos não foram contemplados pelo Centro Popular de Compras.

Entretanto, mesmo aqueles 800 trabalhadores que foram contemplados pelo Centro Popular de Compras, caíram num ledo engano. Ledo engano, porque passaram a idéia - os dirigentes do Governo e a empresa responsável pela obra - de que iria ter um grande espaço para os camelôs; que seria um espaço bonito, agradável; que teria uma megadivulgação para que os trabalhadores virassem, ao invés de camelôs, microempresários. Pois quem teve a oportunidade de olhar os jornais da semana, ou como nós que estivemos presentes na manifestação dos trabalhadores do CPC, viram que, na verdade, caíram no conto-do-vigário. Quem chega lá vê a insensibilidade dos construtores para com a obra que não tem ventilação e as pessoas estão morrendo de calor naquele espaço. Estão vendo o desrespeito quanto às vias de acesso, porque os trabalhadores da Quadra B não têm uma via de acesso que leve os clientes direto para as suas lojas; aqueles que tiverem a oportunidade de caminhar por lá vão ver que as obras estão inconclusas, que têm problemas no chão em relação ao piso que foi prometido e que não foi colocado lá. Na verdade, o conto-do-vigário foi só para os trabalhadores, porque para os empresários está garantido através dos aluguéis caríssimos que os trabalhadores vão ter que pagar. De setenta, noventa reais semanais, juntando quase quatrocentos reais por mês num total de 25 anos, para poder se tornar proprietário da área que, num montante, num cálculo de alguém que pague 84 reais semanais, vai dar 180 e poucos mil ao final de 25 anos. Dinheiro que os trabalhadores não têm para poder comprar casa, dinheiro que os trabalhadores vão ter que pagar para poder botar o seu material para venda lá. Mas o mais grave desta situação toda, o mais desesperador desta situação toda, o mais desrespeitoso desta situação toda é que os trabalhadores não tiveram contemplada nem a promessa da divulgação do Centro Popular de Compras. Tivemos a oportunidade de conversar no Dia da Mulher, entregando as cartilhas com dezenas de trabalhadoras e trabalhadores do Centro, e teve gente que investiu toda a sua poupança para montar a sua banquinha, porque todas as banquinhas são do dinheiro dos trabalhadores, comprando mostrador, comprando balcão. Teve gente que juntou e pegou financiamento para poder comprar material para vender no Centro Popular de Compras. Incrivelmente, tem gente que entra dia, sai dia e não vende nada. Tem uma senhora que em três dias de venda só vendeu seis reais em produtos, enquanto que na rua ela venderia em média 80 reais. A pergunta é: quem paga a conta desse trabalhador? Quem vai pagar a conta de luz da sua casa ou a comida que ele não vem garantindo através do seu trabalho? E, mesmo assim, agora, hoje, 09 de março, daqui a duas semanas, pela cláusula assinada com a empresa, os trabalhadores que não pagarem o aluguel podem ser expulsos do Centro Popular de Compras. Isso é um desrespeito, é inaceitável e a Prefeitura não pode fechar os olhos, ainda que seja uma Parceria Público-Privada, à qual nós criticamos por ideologia, é uma concessão pública, e, portanto, o Prefeito e a SMIC também têm responsabilidade. Nós estamos falando da vida das pessoas, nós estamos falando do trabalho das pessoas; nós estamos falando de 800 trabalhadores em condições insalubres e sem possibilidade de venda. Este é o nosso recado.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, demais pessoas que nos assistem pela televisão e as que se encontram aqui nas galerias, eu venho à tribuna para dizer que eu me encontro ainda com todos os itens de uma agenda que propomos e escutamos numa reunião que tivemos na sexta-feira lá no Centro Popular de Compras, o camelódromo. Eu estive na mesma reunião, hoje pela manhã, com as Vereadoras Fernanda e Sofia Cavedon, com o Deputado Estadual Raul Carrion, este Vereador e outras lideranças.

Não estou vendo a Verª Fernanda aqui no plenário - mas eu gostaria que ela estivesse -, porque eu me senti na obrigação de vir aqui, pois não achei justo e nem elegante da parte dela. Ela saiu de uma reunião em que uma parte do Governo, os interessados - os construtores, a administração, a parte interessada dos camelôs, a sua diretoria -, estavam presentes, a Câmara de Vereadores se fazia representada por alguns Vereadores da oposição, e este Vereador estava sozinho ali representando a base aliada; e ouvi de todos - a Verª Sofia Cavedon encontra-se aqui - que houve muita boa vontade das partes para achar soluções e adequar os problemas que vão surgindo, como com qualquer um que constrói um edifício, que constrói uma casa vão surgindo reajustes, muitas vezes, por diversas ordens. Eu ouvi por parte do Secretário Cecchim, por parte dos administradores muita boa vontade. Por exemplo, já havia todo um tratado através de uma documentação, através de um regulamento dos pagamentos, das mensalidade do aluguel, e que nós achávamos que estava muito apertado, porque, em seis semanas, se esse pequeno comerciante não pagasse o aluguel, perderia o direito de continuar com o seu espaço. E foi dado, então, foi tratado nessa reunião, foi encaminhado para que houvesse uma flexibilidade. E foi aceito que o comerciante não podendo pagar agora, que acertasse mais adiante, num período de três meses, se não me falha a memória, para dar tempo aos pequenos comerciantes que estão iniciando os seus trabalhos ali. Eu fui um dos Vereadores que disse: “Se tiver um camelô ali dentro que foi prejudicado, já é muito; se tiver 20%, é demais!” Nós temos que fazer um trabalho que defenda os comerciantes! Não podemos perder um só comerciante ali de dentro; não podemos deixar que a cada tantos meses vá alterando em 20% ou 30% a permanência daqueles que não podem pagar. Por isso, chegou-se à conclusão de que haveria flexibilidade. Foi um pedido dos Vereadores e da direção desse grupo, e foi aceito.

Com relação à readequação de algumas situações lá de dentro, como escadas e ventilação, os Vereadores e as Vereadoras que estiveram na reunião saíram de lá muito contentes com a boa vontade de todos.

O que não pode é sairmos de uma reunião com abraços, com apertos de mão, elogiando que está havendo flexibilidade e chegar aqui na tribuna e chamá-los de vigaristas, chegar aqui e dizer que tudo foi um engodo. Isso não pode! Está havendo boa vontade da parte do Governo, eu estava presente lá. Marquei a reunião a pedido da Verª Sofia Cavedon; na mesma hora o Secretário Idenir Cecchim aceitou, combinou e estivemos lá hoje de manhã.

Então, está havendo muito boa vontade por parte dos administradores, dos construtores, dos empreendedores e do Governo. E os representantes da comissão dos camelôs do Centro Popular de Compras viram isso com bons olhos. O Juliano disse na saída: “Vidal, tivemos grandes avanços. Foi extremamente positivo!” Agora, não podemos sair de uma reunião, onde avançamos, e chegar aqui dizendo que foi conto-do-vigário, como se fossem um bando de vigaristas! Acho isso desleal, acho que não é coerente, não é bonito e não deve ser do perfil dos Vereadores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A Verª Maria Celeste está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Adeli Sell, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, no dia de ontem demarcamos, na cidade de Porto Alegre - e o mês de março tem esta característica de trazer esta reflexão - mais do que homenagem, as mulheres querem reflexão, querem motivação e querem também o estabelecimento de uma política pública que dê conta no Município, no Estado e na União, das questões do movimento de mulheres, de uma história de muitos anos na conquista e na busca dos direitos. Nós verificamos que, na cidade de Porto Alegre, apesar das homenagens sendo colocadas na prática, a política pública para a mulher, de fato, não se efetivou; ela não se efetiva quando, por exemplo, a gente faz uma análise da Peça Orçamentária da cidade de Porto Alegre em que tem estabelecidos 21 programas de atendimento e apenas um chama-se Porto Alegre da Mulher, e é com a destinação de recursos, Ver. Toni Proença, o menor de todos do Orçamento da Cidade. É uma triste realidade quando a gente verifica que há uma escassez de recursos, e vemos que esta escassez no Orçamento gera uma ineficácia na política pública da mulher no Município de Porto Alegre.

Para se ter uma idéia, no Orçamento de 2008, dos dois bilhões e 800 milhões que foram destinados ao Orçamento da Cidade, apenas 109 mil reais foram destinados para este projeto, que é o único que trata da questão de gênero na cidade de Porto Alegre. Essa é uma dura e triste realidade, o que significa dizer que para cada milhão que a Prefeitura gastou no ano passado, ela destinou apenas 1,33 reais para o Programa de Saúde da Mulher. Mais do que isso, o resultado que isso gera traz a questão da falta de prevenção, de apoio e acompanhamento especialmente às mulheres vítimas de violência na nossa Cidade. O desmonte da Casa Viva Maria, que é o único equipamento na Cidade que trata... É um abrigo especializado para as mulheres, aliás, sob a responsabilidade da Secretaria de Saúde. E vemos, lamentavelmente, que a cada ano que passa o desmonte é cada vez maior! O atendimento lá é para dez vagas e hoje só há seis sendo ocupadas, porque não há condições de atendimento naquela Casa.

A Bancada Feminina desta Casa esteve no sábado fazendo uma visita ao camelódromo com o Presidente da Casa; ali nós pudemos panfletar o nosso material, a nossa Cartilha de Divulgação dos principais endereços dos diversos equipamentos da cidade de Porto Alegre na área de defesa dos direitos das mulheres. Lá nós constatamos, sim, uma triste realidade. Que bom que o Ver. Elias Vidal estava junto, acompanhando as Vereadoras Sofia e Fernanda, que hoje tiveram essa reunião, porque o que nós presenciamos lá, no sábado, foi um descompromisso da Prefeitura Municipal de Porto Alegre não só com o camelódromo, mas especialmente com as mulheres que ali também são a grande maioria.

O que nós pudemos verificar - não sei se por coincidência, não sei se por discriminação ou por puro preconceito - foi que os piores lugares das lojas, naquele camelódromo do Centro da Cidade, são destinados às mulheres.

Lamentavelmente, verificamos que a situação não é tão boa como é pregada pela Prefeitura e pelo Secretário; mulheres trabalhando ali no dia-a-dia não puderam nem almoçar, porque o lucro do sábado - isso era sábado, véspera do Dia Internacional da Mulher - não propiciava sequer pagar uma refeição, pois essas mulheres estão com as lojas na pior localização do camelódromo.

Essa é a triste realidade! Boa vontade o Governo está tendo há muito tempo, mas concretamente não se vê nenhum resultado. Que bom que agora há um compromisso e há um prazo para que nos próximos sete dias possa se verificar essa questão específica.

Agora, nós queremos dizer que vamos continuar aguerridas, lutando, sim, por todas as mulheres da cidade de Porto Alegre. E nós não queremos apenas ouvir falar ou receber flores, nós queremos, acima de tudo, que os jardins da nossa Cidade sejam efetivamente bem cuidados por todos, especialmente por aquele que é o gestor da política pública da mulher no Município de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos visitam na tarde de hoje; todos os livros e obras que falam sobre finanças empresariais da última década, originados por ilustres professores norte-americanos, na sua maioria trazem uma definição sobre os objetivos do administrador financeiro nas empresas. Leiam todos os livros publicados nesses últimos anos e constatem que o conceito é o seguinte: o objetivo do administrador financeiro é maximizar o retorno aos acionistas. Vejam bem, o objetivo dos administradores financeiros é maximizar o retorno não à empresa, não à sociedade, mas ao acionista; maximizar o retorno ao dono da empresa. Isso está escrito nas obras modernas norte-americanas. E, irresponsavelmente, na minha visão, os autores brasileiros de finanças empresariais copiaram esse conceito, entraram nessa onda furada, e o resultado esta aí: esta catástrofe financeira internacional. Com uma visão de administração de empresa dessa magnitude só podia dar no que deu: a jogatina foi total, e a situação está como conhecemos.

A história é que, a partir desse desastre financeiro internacional, os Governos todos, do País inteiro, imediatamente, numa velocidade extraordinária, levaram bilhões, mas muitos bilhões de dólares a esses empresários - grandes empresários nacionais e internacionais. Eu não estou aqui criticando, se levaram recursos com o pretexto de que levar recursos a essas grandes empresas implicaria na manutenção de milhares de empregos, mas foram consumidos bilhões e bilhões de dólares públicos para salvar empresas.

Pois, agora, nós estamos, em Porto Alegre, com a questão dos nossos camelôs, claro que guardadas as proporções. Existem problemas de viabilidade, meu caro Presidente, e muitas não-viabilidades, ou seja, inviabilidades de negócios no camelódromo. E, na verdade, nós temos que fazer um esforço extraordinário para que esses camelôs, que têm uma história de décadas trabalhando, que estão ali nas suas atividades, tenham viabilizados seus negócios nesse novo ponto onde se encontram. Daí o porquê de querer falar sério, muito sério, e eu acredito que Governo Federal, Governo Estadual e Governo Municipal, os três Governos que correram para levar recursos para as grandes empresas com dificuldades financeiras, devam agora, inclusive o Governo Municipal, levar recursos aos nossos minúsculos empreendedores, nossos camelôs. Eu acredito que é uma tese que precisa ser avaliada com todo o carinho para que não se leve à bancarrota esses trabalhadores que ali estão no seu novo local de trabalho. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Eu gostaria de colocar em votação a alteração da ordem dos períodos da presente Sessão, passando-se, de imediato, às Comunicações, para que, no momento em que chegar o Senador Cristovam Buarque, ele possa fazer uso da tribuna. (Pausa.) Em votação o Requerimento que solicita a alteração da ordem dos períodos da presente Sessão, passando-se, de imediato, às Comunicações. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Adeli Sell; colegas Vereadoras e Vereadores, senhoras e senhores, quero tratar hoje, neste período de Comunicações, de um dos problemas mais sérios que vivem as cidades, a urbanidade brasileira, e que o Governo do Presidente Lula vem enfrentado com organização, projetos e recursos: o tema habitacional no Brasil.

Na última semana, o Presidente Lula e a Ministra Dilma Rousseff lançaram um programa para a construção de um milhão de habitações para os próximos dois anos. É importante que esse tema seja debatido aqui nesta Casa, porque Porto Alegre ainda não se qualificou para poder receber os recursos do Governo Federal. Esse programa de um milhão de habitações destina-se aos que recebem de zero a dez salários mínimos, distribuído em duas grandes propostas. Uma para quem ganha de zero até três salários mínimos, que terá recurso subsidiado, e quem ganha até três salários mínimos ou está desempregado poderá ter a sua parcela zerada, ou seja, receberá gratuitamente esse recurso, que o é da afirmação da cidadania, que é a casa, o endereço. E para aqueles que ganham mais de três salários mínimos, ou seja, mais de um mil, 395 reais até 4 mil, 650 reais - que são dez salários mínimos - poderá ser comprometida até 20% da renda familiar, e esse recurso também será, em parte, subsidiado, para ser pago em 20 anos. O Governo Federal lançou um novo dispositivo, que se chama Fundo Garantidor: se quem tem renda na família ficar desempregado, o Fundo Garantidor - 500 milhões de reais dum fundo do Tesouro Nacional - pagará as prestações desse trabalhador pelo período em que ele estiver sem emprego.

Essa inovação na questão do setor habitacional, o PlanHab - Plano Nacional de Habitação -, nós estamos discutindo e trabalhando, nós, os Conselheiros Nacionais do Ministério das Cidades, há dois anos estamos construindo isso. E, neste momento, com muito orgulho, quero dizer que, como Conselheiro Nacional, representando as Câmaras de Vereadores do Brasil, estamos construindo esse projeto que acaba de ser lançado. E faço aqui um alerta aos colegas Vereadores para dizer que, quando o Governo ou mesmo meu colega Nelcir Tessaro passa a criticar o Governo Federal, dizendo que a burocracia não deixa os recursos chegarem aqui, essa agenda não está bem correta. A agenda é que o Município de Porto Alegre ainda não construiu a sua política habitacional para se qualificar à política nacional do Governo Federal. E, se não fizer isso este ano, ficará novamente desenquadrado.

Portanto, trago aqui, Ver. Paulinho Ruben Berta - o senhor é da CUTHAB, junto com os demais colegas -, esse tema que o Município tem que enfrentar. Um milhão de habitações ou de casas serão construídas nos próximos dois anos com a Bolsa Habitação, em dois padrões: até três salários mínimos, recursos subsidiados, podendo ter prestação zero; acima de três salários mínimos, recursos também subsidiados, porém, com o Fundo Garantidor, isto é, quando qualquer um ficar desempregado e cair a renda familiar, o Fundo Nacional pagará as prestações desse trabalhador desempregado. Isso é uma inovação, é uma revolução, os Municípios precisam se enquadrar e se qualificar, e Porto Alegre precisa ainda construir sua agenda. Nós não temos ainda o Fundo Municipal de Habitação, não temos o Programa Municipal de Habitação de Interesse Social aprovado, não temos a regulamentação do Estatuto da Cidade, em todos os seus dispositivos, aprovada. Essa é uma tarefa que não podemos negar e temos que construir, principalmente agora, na revisão do Plano Diretor.

Sr. Presidente, concluo, dizendo que está acontecendo, neste momento, um programa do Governo Federal, capitaneado pelo Presidente Lula e pela Ministra Dilma Rousseff, uma revolução na Habitação: um milhão de habitações para os próximos dois anos. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente, Ver. Adeli; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16 da TVCâmara, eu quero saudar de uma forma muito especial as mulheres, porque dia 8 foi o Dia Internacional da Mulher. Eu acho que o ser mulher, que gera a vida humana, merece o nosso maior respeito, o maior carinho, mas me entristece quando eu vejo nos jornais as notícias, dizendo que centenas de mulheres ligadas à Via Campesina invadiram uma propriedade em Candiota. Aproximadamente 500 mulheres, colonas, integrantes do grupo Via Campesina invadiram a Estância Aroeira, antiga Fazenda Ana Paula, de propriedade da Votorantim Celulose, e destruíram aproximadamente dois hectares de eucaliptos.

Sinceramente, minhas queridas mulheres, eu acho que isso aí não leva ao crescimento do nosso País. E o mais grave ainda é que essas mães usam as crianças. O que se passa na cabeça dessas crianças vendo as mães invadindo e destruindo propriedades, como foi com mais essa invasão? Com todo respeito às mulheres, eu acho que isso aí não leva a nada, isso não leva ao crescimento do nosso País, e, mais grave ainda, repito, usando as crianças, o que nos entristece. Lamento, profundamente, mais uma vez ter que falar aqui na tribuna a respeito dessas invasões.

Lemos no jornal Zero Hora, do dia 7 de março (Lê.): “Capital da Espanha decidiu cobrar multas pesadas dos infratores”. Sobre o que é essa matéria? Sujeira nas ruas. Hoje, pela manhã, andando pelas ruas de Porto Alegre, eu tive a oportunidade de verificar a sujeira das nossas ruas. Eu acho que nós, Câmara Municipal de Porto Alegre, devemos estudar uma lei pesada, como a que está acontecendo em Madri, para essas pessoas que sujam as ruas de Porto Alegre com lixo.

Quero aproveitar a oportunidade para saudar a presença do nosso querido Deputado Adroaldo, que está aqui nos visitando. Deputado, V. Exª nos honra muito com a sua presença neste Plenário, juntamente com o Deputado Pompeo de Mattos e o Dep. Kalil Sehbe. Que bom vê-los aqui nesta Casa no dia de hoje.

A reportagem diz que “a medida aprovada pelos Vereadores determinou, por exemplo, que donos de cães” - a maioria gosta de um animalzinho em casa -, “que resolverem não recolher a sujeira que o bichinho deixou para trás terão de pagar até 1,5 mil euros - aproximadamente R$ 4.500,00 como punição”.

Para os pichadores, será ainda pior: de três mil euros, quando a pessoa for flagrada pela primeira vez, a seis mil euros, se ela for reincidente. Olhem, só! Acho que temos que fazer também aqui uma lei pesada.

Jogar lixo nas ruas pode render uma multa de 750 euros - uma média de R$ 2.200,00.

Puxa, vida! Não sei o que se passa na cabeça dessas pessoas! Hoje, pela manhã, no trajeto que fiz, que não foi muito longo, vi mais de 30 calçadas e ruas, conforme aquele familiar me falou “ontem, estava limpo, hoje já amanheceu com toda aquela sujeira de rua nas calçadas: pneus, lixo, todo tipo de detritos”. Acho que nós também temos que elaborar uma lei, meus caros Vereadores, com multa pesada, para que possamos educar esse povo. Creio que, quando atinge o bolso, a pessoa sente. Caso contrário, sinceramente, nem que o DMLU faça milagre, do jeito que está acontecendo, não vai conseguir segurar a nossa Cidade limpa, porque anoitece de um jeito e amanhece de outro. Sinceramente, temos que mais uma vez criar... Faço até um apelo aos Vereadores para estudarmos, em conjunto com os 36 Vereadores e Vereadoras, uma lei que estipule uma multa pesada para as pessoas que não cuidam e largam o lixo nas vias da nossa cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Sebastião Melo reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro a presença - e o recebo carinhosamente - do nosso grande Senador Cristovam Buarque, homem profundamente envolvido com uma das causas mais nobres da humanidade, que é a Educação. Receba o aplauso de todos os Vereadores, Senador. Bem-vindo à nossa casa! (Palmas.)

Convido a compor a Mesa conosco também o Deputado Adroaldo Loureiro, da nossa querida Santo Ângelo; o presidente do PDT, Romildo Bolzan, Prefeito de Osório; o Deputado Pompeo de Mattos, devidamente a rigor com traje gaúcho.

De imediato concedo a palavra à promissora Vereadora do PDT, Juliana Brizola, articuladora da vinda do Senador a esta Câmara de Vereadores.

A Verª Juliana Brizola está com a palavra.

 

A SRA. JULIANA BRIZOLA: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sr. Senador da República, Cristovam Buarque; Deputado Federal Pompeo de Mattos, Deputado Estadual Adroaldo Loureiro, meu querido companheiro presidente estadual do nosso Partido, o PDT, Prefeito de Osório, Romildo Bolzan; Vereadores e Vereadoras e demais presentes aqui hoje; subo a esta tribuna, em tempo de Liderança do meu Partido, o PDT, para lhe fazer um agradecimento, Senador. Quero agradecer pela sua dedicação, pela sua luta, pela sua persistência, Senador, na causa da Educação de qualidade para o nosso povo. Agradeço como pedetista, agradeço como brizolista já que a maior homenagem que se pode fazer ao meu querido e saudoso avô é priorizar a causa da Educação, como o senhor vem fazendo. Sobretudo, Senador, quero agradecer como cidadã brasileira. Digo isso porque, como cidadã deste País, quero continuar a sonhar com um Brasil mais justo e menos desigual; sonho com um Brasil com menos violência, com menos criminalidade; sonho com um povo menos excluído; sonho com um povo com mais consciência do meio ambiente; sonho com menos doentes nos hospitais. E, para que esses sonhos se tornem realidade, os Governantes deste País, deste Estado terão que priorizar a Educação pública de qualidade. Ou será que alguém de nós ainda duvida da importância de termos uma Educação de qualidade e ao alcance de todos? Tenho certeza que não!

Nós, do PDT, acreditamos que a maior e melhor política pública para as nossas crianças e para os jovens é a Educação pública de qualidade. E o senhor, Senador, vem dando o exemplo - na prática, o que é o mais importante -, quando aprova a Lei do Piso Nacional, quando se dispõe a percorrer os Estados deste enorme País, fazendo um chamamento à nossa sociedade pela causa da Educação.

Venho dizendo aqui nesta Bancada que a Educação pública, Senador, não é mais uma causa de Partido; não é mais uma causa de Governo; é, sim, uma causa de Estado. Já fiz uma proposta nesta tribuna, Senador, para que deixemos de lado as vaidades, as diferenças ideológicas, as brigas de Poder e possamos todos juntos, sem exceção, priorizar de verdade a Educação pública.

Nesse sentido, o senhor, Senador, vem ao nosso Estado em boa hora. Estamos vivendo, no Rio Grande do Sul, um tempo nunca antes visto de descaso do Governo Estadual com as escolas públicas. Professores desvalorizados, fechamento de escolas, enturmação - ou “amontoação” de alunos -, descumprimento da Lei do Piso Nacional... Enfim, este Governo anda, no que tange à Educação, na contramão de tudo o que o senhor vem realizando.

Tomara, Senador, que a sua figura sirva de inspiração e que a sua presença hoje aqui traga lucidez a este Governo, porque o Rio Grande do Sul tem tradição e quer continuar servindo “de modelo a toda a terra” na área da Educação.

Para finalizar, Senador Cristovam, mais uma vez, quero lhe agradecer de coração por seu trabalho, por sua perseverança, por sua atitude positiva, por sua coerência e principalmente por permitir que possamos continuar sonhando com um Brasil mais justo e realmente desenvolvido. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Cristovam Buarque está com a palavra.

 

O SR. CRISTOVAM BUARQUE: Boa-tarde a cada uma e a cada um de vocês, quero agradecer ao Presidente Sebastião Melo pelo espaço que ele está dando aqui. Sei que esta é uma Casa pluripartidária que está recebendo o Senador de um Partido, claro, que é o PDT. Este é um gesto que quero agradecer bastante. Mas este gesto seu, a meu ver, tem a razão de que hoje nós temos uma luta que está acima, como disse a Verª Juliana Brizola, de cada um dos nossos Partidos, que é a causa de uma revolução que o Brasil está adiando há séculos, que é a revolução pela Educação. Não há outra forma de fazer uma revolução, hoje, a não ser a revolução do filho do trabalhador na mesma escola do filho do patrão; o filho do eleito estudar na mesma escola do filho do seu eleitor; não há outra revolução a não ser essa, porque essa revolução é para permitir realizar os sonhos, como a Juliana falou, e cada um daqueles passa por isso. A eficiência, a transparência, a honestidade, o meio ambiente equilibrado, a paz, cada um dos objetivos que a sociedade brasileira hoje anseia passa por uma escola de qualidade igual para todos. E, mais do que isso, o próprio progresso não virá com mais máquinas, com mais investimentos de infra-estrutura, se não vier acompanhado de um avanço no capital “conhecimento”, e o capital “conhecimento” começa na Educação de base, não começa na universidade, não chega direto na escola técnica, chega, sim, primeiro no Ensino Fundamental, na escola, a partir dos quatro anos, que é uma Lei recente, também do nosso Partido, mas sancionada pelo Presidente Lula, a quem nós temos que agradecer, porque sancionou a Lei, e a apoiou também, por meio do Ministro Fernando Haddad, durante o processo legislativo, que é a Lei que assegura a vaga na escola mais perto da casa da criança, a partir do dia em que ela fizer quatro anos de idade. Essa é uma Lei que não está ainda na cabeça das pessoas. É uma Lei que, quando for implantada, vai ajudar a mudar o Brasil: toda criança tem direito a uma vaga na escola mais próxima de sua casa a partir do dia em que fizer quatro anos.

Nós vamos fazer um movimento, e queria convidar todos os Partidos para chamar a atenção do Brasil para essa Lei, que não pertence mais a nenhum Partido, até porque quem a sancionou foi o Presidente Lula, que, votemos ou não nele - e eu votei nele, claro -, é Presidente de todos os brasileiros. Essa é uma Lei que transcende os Partidos, essa é uma Lei do Brasil inteiro. Mas não basta isto, é preciso que a escola seja boa e que seja em horário integral, e isso passa pelo professor. Por mais que a Educação hoje tenha que ter televisão, computador - e eu não imagino uma boa escola sem isso -, o centro da escola é o professor, é a professora. E o professor e a professora são compostos de três coisas: cabeça, coração e bolso. O bolso vem remunerado, a cabeça vem formada, o coração vem motivado. Não existe Educação sem um professor bem informado e bem motivado, e não existe um professor bem motivado e bem informado sem uma remuneração digna.

No Brasil de hoje, a remuneração do professor é a mais relegada. Um Senador vale 20 professores, do ponto de vista do salário; um Ministro do Supremo vale 40 professores, um Delegado vale 20 professores. Não tem futuro este País; não tem futuro, até porque foram os professores que fizeram os Senadores, os Delegados e os Ministros do Supremo. Por isso é importante defender o piso salarial do professor, porque o Piso é o primeiro passo para um programa federal de salários dos professores. A importância do Piso não está no valor, está na nacionalidade que ele adquiriu: Piso Nacional. Além disso, eu fico à vontade porque não foi minha a iniciativa, mas de uma Deputada do Partido dos Trabalhadores, Fátima Bezerra. É fundamental que se veja como parte do Piso a determinação de que todo professor terá direito a um número de horas de seu trabalho fora da sala de aula. Nós devemos isso à Deputada Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte. Professor que dá quarenta horas de aula não está dando aula a partir do segundo ou terceiro dia, isso era uma falha no Projeto inicial que eu fiz. Felizmente, a Câmara de Deputados colocou esse item, e nós temos que lutar para que ele seja cumprido: o valor do Piso, e, ao mesmo tempo, o número limite de horas dedicadas à aula, à sala de aula, e o número de horas para a preparação e o acompanhamento dos alunos.

Eu vim aqui neste dia, e gostaria de ficar mais tempo, para tentar manifestar meu apoio aos professores que estão lutando pelo Piso salarial. Vim aqui nesta luta que é nacional pelo Piso salarial, mas sabemos que isso não basta, Presidente. Nós temos que ter uma carreira nacional do magistério nos próximos anos, até para que nenhum Prefeito, nenhum Governador diga que não tem recursos. Por que professor é menos importante que funcionário do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, da Infraero, da Receita Federal? No mínimo, são igualmente importantes; é preciso haver uma carreira nacional do Magistério, com o salário padronizado nacionalmente, e não valendo apenas 1/40 do salário do Ministro do Supremo, 1/20 do salário do Senador. Nós precisamos de professores bem remunerados, para isso a gente tem que exigir deles dedicação e exigir deles estudo, formação, aí a gente começa a sair dessa situação vexaminosa em que se encontra a sociedade brasileira, pois todos os sonhos que não são realizados, voltando ao discurso da Vereadora, acontecem por falta de, 30 anos atrás, termos investido mais em Educação. E o Rio Grande do Sul foi um exemplo da Educação no Brasil, até porque, foi aqui que nasceu, foi aqui que militou o único político importante do Brasil que colocou a Educação como o centro do progresso: Leonel Brizola. (Palmas.) Educação, durante muito tempo, foi sinônimo de gauchismo, foi sinônimo do Rio Grande do Sul; hoje não é mais, embora o Rio Grande do Sul ainda esteja menos mal que o resto do Brasil, ainda é um dos melhores comparando com os outros, mas já perdeu a liderança. Ele tem que voltar a ter essa liderança e tem que ajudar, a partir daqui, como fez Brizola, que lutou para que o Brasil inteiro tivesse uma boa Educação. Eu vim aqui com este sonho, este sonho que, ao meu ver, resume todos os sonhos que foram colocados pela Vereadora. Agradeço muito, Presidente, pela recepção, agradeço a cada um dos Vereadores e Vereadoras, os Partidos mais diferentes que eu vejo aqui e que me trataram com esse mesmo carinho, que me trataram com esse respeito, e creio não ser para mim pessoalmente, mas à causa que eu - o destino assim o quis - terminei encarnando durante este momento. Em breve, outro encarnará essa causa, assim como Brizola a encarnou, Darcy Ribeiro a encarnou, e João Calmon também, que não era dos Partidos de esquerda, um homem conservador, mas encarnou essa causa também. Não se trata de uma briga de esquerda ou de direita. É uma briga de quem quer ou não um progresso com eficiência e com justiça.

Eu acredito que essa aspiração é possível e necessária. O que falta é despertar o povo brasileiro para a urgência e a possibilidade dessa revolução. É uma revolução doce, como eu gosto de falar. E vocês, Vereadores, têm um papel fundamental. Vocês são a base do processo político, vocês estão em contato mais direto com a base do que quaisquer outros políticos no Brasil. Vocês têm a obrigação de fazer despertar a opinião pública para a importância da Educação, e, nesse momento, despertar para a importância do professor e da professora. Esses são os verdadeiros construtores do futuro do País.

Por isso, termino com a minha saudação aos professores, que são os construtores do futuro do Brasil. E gostaria de dizer que vou dedicar a energia que eu ainda tiver na minha vida política para fazer com que, no Brasil, o professor seja o personagem central do projeto de construção de uma nação.

Muito obrigado a cada um e a cada uma de vocês. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senador, sei que V. Exª está sendo aguardado, mas coloco o microfone à disposição, pelo prazo de um minuto, a cada uma das Bancadas da Casa. Pelo apreço que temos por V. Exª, pela causa e pela sua vinda aqui, que a Assembléia Legislativa espere mais sete minutos.

Para as Bancadas que desejarem se manifestar, o microfone está à disposição.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Senador Cristovam, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, gostaria de, em nome da minha Bancada, com muita honra, cumprimentá-lo pela luta e pela sua presença no Estado do Rio Grande do Sul.

Quero dizer, assim como a Juliana disse, que, neste momento, a sua presença é muito importante. Infelizmente, a nossa Governadora entrou na Justiça contra o Piso, e, amanhã, tentará punir os professores mantendo o desconto dos dias da greve sem ter negociado os dias paralisados no final do ano passado, exatamente para que a Lei do Piso fosse respeitada.

Espero que a sua vinda encoraje os Deputados a manterem o Projeto que abonou as faltas; encoraje a luta dos professores neste Estado, que é, sim, por condições de trabalho, mas é, principalmente, por qualidade de Educação, que é a sua bandeira, que foi a bandeira de Brizola, e que nós queremos continuar honrando neste Estado. Obrigada pela sua presença; a nossa Bancada está fortalecida na luta.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Ilustre Senador, em nome do meu Partido, o Partido Progressista, eu tenho o prazer de saudá-lo. Eu quero lhe dizer que sou um ouvinte assíduo de V. Exª, ouço-o sempre com muita atenção pelo Canal 17, que é a TV Senado. Mas quero dizer também que não entendi, com tantos luminares que há no Congresso Nacional, que se fale em Piso Nacional, porque Piso sempre representa o salário básico, mas de vencimento mínimo de R$ 900,00. Eu acho que é assim que deveria ser chamado, não como Piso salarial. É uma dúvida que fica, e que eu acho que não ficou claro. Mas, de qualquer forma, eu o saúdo mais uma vez pela intensidade com que eu ouço os seus debates, seus pronunciamentos, sempre buscando o melhor possível para a Educação, e V. Exª também tem razão: a pessoa mais importante da sociedade é o professor, sem dúvida nenhuma.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Deputado Adroaldo Loureiro; Romildo Bolzan, Presidente Estadual do PDT; Pompeo de Mattos, Deputado Federal; Senador Cristovam Buarque, é uma honra para nós recebermos a sua visita nesta Casa, particularmente num momento como este, Porto Alegre representando uma angústia de todo o nosso Estado com relação ao Projeto de Educação e ao tratamento que o Governo Estadual vem dando aos nossos professores, um tratamento indigno, um tratamento de quem não tem a consideração que necessitaria ter para com os professores e para com a Educação como um todo. Saiba, Senador, que a sua presença aqui é um estímulo a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, compreendendo a lição de Brizola e sabendo a responsabilidade que temos no presente, fazem, como o senhor, a sua parte. Seja bem-vindo, Senador, e parabéns pelo seu trabalho!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Toni Proença está com a palavra.

 

O SR. TONI PROENÇA: Ilustre Senador Cristovam Buarque, em nome da Bancada do PPS, quero cumprimentá-lo, efusivamente, por entregar uma vida pública dedicada à Educação. Não existe, como V. Exª mesmo manifestou, nenhuma possibilidade de uma nação avançar se não for pela Educação. É lastimável que poucos políticos se dediquem tanto à Educação, como fizeram os mencionados por V. Exª: Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, João Calmon, e agora Vossa Excelência é para nós uma referência da luta que deve ser travada pelos homens públicos. Pela Educação é possível se chegar a uma Nação mais justa, mais igual e mais desenvolvida para todos os seus filhos e seus cidadãos. Eu me lembro, quando eu era menino, quando comecei nos bancos escolares, que as pessoas mais dignas da minha comunidade eram professores, infelizmente isso se perdeu no tempo. Parabéns pela sua luta!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, ilustre Senador Cristovam Buarque, em nome da nossa Bancada do PSB, eu também não podia deixar de trazer nossos registros, dizendo que sou Professor há mais de trinta anos, mas antes de tudo sou um eterno estudante, e eu vejo na figura de V. Exª um baluarte que se dispõe a viajar e lutar pelo País inteiro, por essa causa tão nobre. E tenho dito, e disse há bem pouco tempo aqui na Câmara, que não há história de País em nosso planeta que se desenvolveu e cresceu a não ser com uma base forte, com fortes investimentos na educação da sua gente. Então, a partir disso, quero trazer os nossos registros da importância que é e que representa para o País, para a meninada e para o futuro dessa gente a sua participação, a sua cruzada pela Educação do País. Um abraço ao senhor! Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, para nós, do PSDB, é uma satisfação imensa saudar o Senador Cristovam Buarque, até porque nós acreditamos que, se existe alguma saída para este País, a saída será, com toda a certeza, pela via da Educação. Só que o que nos anima mais é que o senhor, que está neste exato instante liderando esta cruzada por todo o Brasil para que a Educação realmente possa vencer as nossas dificuldades, tem atrás de si o referendo da decência, da moral e é um homem que transcende o seu Partido, é alguém que está sendo, hoje, admirado por todas as correntes políticas deste País. Então, quero cumprimentá-lo e dizer que para esta Casa e para nós do PSDB é uma honra muito grande estar recebendo o senhor aqui.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Haroldo de Souza está com a palavra.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; meu caro Senador Cristovam Educação Buarque, para mim o senhor é sinônimo da educação, e quando foi anunciada a sua presença nesta Casa, antecipei-me e disse à Verª Juliana que seria uma visita muito importante, porque todos nós falamos que o caminho do Brasil para ele chegar no seu grande destino que tanto pregamos, tanto sonhamos e tanto reivindicamos, só por meio da Educação. Todos nós falamos na Educação, mas apenas o senhor se dedica a ela. Eu lamento muito que na sua candidatura à Presidência da República essa Educação já não estivesse no patamar em que todos nós sonhamos, porque aí o senhor seria eleito, porque através da Educação é que vamos aprender também, Senador, a escolher nossos grandes comandantes. Por isso é que enfrentamos muitos problemas na política nacional; é pela falta, exatamente, de uma Educação na qual seu sonho seja realizado, onde estude o aluno da classe pública, mas também o aluno da classe privada, todos juntos. É muito interessante essa comparação, Senador, porque estaríamos atingindo o ápice da Educação em nosso País. E veja a sua importância aqui - como foi destacado há instantes pelo Ver. Bernardino Vendruscolo -, pois é tão difícil olharmos para aquele painel e estar registrada a presença dos 36 Vereadores; é a sua presença, Senador Cristovam Educação Buarque! Obrigado por tudo.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. DJ Cassiá, Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude, está com a palavra.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Senador Buarque, quero, em nome da Bancada do PTB, saudar a sua presença. Sobre algumas palavras que o senhor colocou aqui, são as que eu tenho, muitas e muitas vezes, discutido: falta de escola, porta de escola fechada é uma vaga que se abre para o crime. Só existe, Senador, bons médicos, bons professores, bons políticos, porque tiveram acesso à Educação de qualidade. A Educação de qualidade tem que começar na criança como o senhor colocou, que é a base de tudo. Devemos aparelhar a nossa polícia, mas primeiro devemos aparelhar as nossas crianças, os nossos jovens por meio da Educação de qualidade.

Senador, quero aqui pedir ao Papai do Céu que lhe dê muita saúde, lhe dê muita força, porque muitos jovens, muitos pobres, muitos filhos de trabalhadores estão pedindo mais Senadores como Cristovam Buarque para defender a nossa Educação. Ao senhor, eu dou nota 100!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Mauro Zacher está com a palavra.

 

O SR. MAURO ZACHER: Senador Cristovam Buarque, queria, em nome da Bancada do PDT, fazer a nossa saudação pela sua presença; também ao Presidente do meu Partido, Romildo Bolzan; ao Líder da Bancada, Adroaldo Loureiro; ao nosso Deputado Federal Pompeo de Mattos, é com muita satisfação que nós recebemos, hoje, a sua visita. O senhor tem sido citado em muitos discursos aqui nesta Casa, por esta bandeira que nós também defendemos em todo País, em especial, assim como o senhor disse, nós, Vereadores, que estamos aqui em contato com a base, em contato direto com a população; saiba que estamos fazendo a nossa parte. Não há caminho mais ideal para se buscar o desenvolvimento de um País que não seja um grande investimento na Educação. Esta é a nossa bandeira, e saiba que o senhor é a nossa referência e que nós estamos aqui, na base, fazendo a nossa parte.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Waldir Canal está com a palavra.

 

O SR. WALDIR CANAL: Senador Cristovam Buarque, em nome do Partido Republicano Brasileiro - PRB -, gostaria de cumprimentá-lo e declarar profundo respeito pela luta de V. Exª, e dizer que temos V. Exª como referência na luta por uma Educação de qualidade em nosso País. Portanto, em nome do meu Partido, cumprimento V. Exª e todos os integrantes do PDT nesta Casa.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente; Senador; eu, como Líder da Bancada do Democratas, não posso me furtar de uma manifestação nesta hora, especialmente porque, há 50 anos, quando eu participava do movimento estudantil organizado em Porto Alegre, a União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre, nós tínhamos um lema: somente a Educação poderá ensejar a amizade, a compreensão e a tolerância entre os povos. Essa colocação me acompanha ao longo do tempo, e hoje, quando o senhor chega aqui na Casa muito bem acompanhado do Deputado Adroaldo Loureiro, do Prefeito Ronildo Bolzan, desse grande Parlamentar que o coração me faz querer muito bem, que é o Deputado Pompeo de Mattos, eu quero reafirmar essas convicções, e dizer que a sua cruzada pela Educação certamente vai ter consequências positivas, não importa que, aqui ou acolá, algum detalhe possa não ser exatamente o que todos nós pensamos; aliás, nem o senhor e nem eu somos adeptos das unanimidades - essas, realmente, são fruto da não-reflexão. Mas, no principal, na defesa desse princípio que lhe faz um cruzadeiro nacional, o senhor tem o mais amplo apoio de todas as correntes políticas que têm assento nesta Casa, e eu, como representante do Democratas, quero assinar junto, em homenagem até a homens como Alceni Guerra, que colocaram, no nosso programa partidário, o compromisso com a educação integral - e é essa educação integral, cuja bandeira o senhor desfralda, que foi no passado sustentada pelo Engenheiro Leonel Brizola, pelo Darcy Ribeiro, e que agora tem no senhor um grande líder. Conte conosco, os Democratas responsáveis e conscientes estão solidários com Vossa Excelência. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senador, a palavra é sua.

 

O SR. CRISTOVAM BUARQUE: Eu não deveria tomar mais tempo do trabalho de vocês, mas não posso deixar de fazer um pequeno recado de agradecimento; primeiro, ao conjunto de todos vocês, pelo carinho com que me trataram, sem exceção de nenhum; depois, um a um, eu diria: ao Ver. Reginaldo Pujol, que fico muito feliz de ver, porque o senhor traz uma dimensão importante; hoje, o que deve nos dividir não é a sigla, mas a causa; há pessoas a favor da causa, por exemplo, do meio ambiente, em todas as siglas; há pessoas a favor da causa da Educação, em todas as siglas. Temos é que fazer esse grande movimento educacionista; ao Ver. Waldir, eu quero agradecer, eu não quero nada mais do que agradecer pelas suas palavras; ao nosso Líder, eu quero dizer, ao Mauro Zacher, que fico feliz por ter, com suas palavras, complementado o que disse a nossa Verª Juliana; ao Presidente da Comissão de Educação, DJ Cassiá, eu quero dizer que fico feliz e que conte comigo como apoio a todo trabalho da sua Comissão, porque são as Comissões de Educação de cada uma das unidades é que fazem, de fato, a mudança. Ao Haroldo de Souza, eu quero - anotei aqui, especialmente - dizer que - por brincadeira -, de fato, ele disse que eu seria eleito se todos já tivessem Educação; eu cheguei à conclusão de que eu só vou ser eleito quando eu não for mais necessário.

Quero dizer que concordo com o Ver. Luiz Braz sobre a saída para a Educação; é verdade, é por aí que a gente sai; ao Ver. Airto Ferronato, quero dizer que somos colegas, como professores; ao Ver. Toni Proença, quero dizer que, de fato, antigamente ser marido de professora era um status elevado na Cidade; hoje em dia, não estamos mais vivendo esse momento; ao Ver. Pedro Ruas, eu fico muito agradecido, sobretudo por ele pertencer ao combativo PSOL - e quero dizer que minha relação com a ex-Senadora Heloísa Helena é extremamente fraterna.

Sobre o problema do Piso, eu realmente reconheço que não é um bom nome, Ver. João Antonio Dib. Eu não sei de onde é que saiu essa denominação. Se está escrito lá, foi um erro. Ou se foi uma coisa que foi pegando. Na verdade, deveria se chamar salário-base, salário mínimo do professor, salário de referência; deve ter sido um erro.

À Verª Sofia Cavedon, o meu carinho pelo seu comentário, que foi o primeiro. Em geral, os outros vêm atrás do que o primeiro fala. Quero lhe dizer que, durante toda a minha vida, eu fui um brizolista. Desde os meus 16, 17 anos, acompanhei Brizola. Obviamente fui um brizolista “arraesista”, porque Arraes foi o meu líder em Pernambuco. As circunstâncias me levaram a entrar no PT, onde eu fui eleito. Os dois cargos que eu tenho eu devo ao PT. Eu sempre dizia: “Eu sou um petista-brizolista”. Hoje eu acho que eu sou um brizolista-petista, porque eu não esqueço os 15 anos em que estive no PT, e agora brizolista vem em primeiro lugar pelo fato de eu estar no PDT. Mas eu não tenho nada a renegar da minha vida no PT, dos dois únicos cargos eletivos que eu devo à militância. E, se eu for candidato outra vez, espero tê-lo ao meu lado; eu tenho dito isso sempre por aí. Eu disse ao Presidente Lula: “Presidente, eu não tenho a menor dificuldade em disputar uma eleição nacional contra o PT, porque é uma questão política”. No Distrito Federal, a minha relação com o PT é emocional, eu não tenho condições de disputar separado do PT. Não quer dizer no PT mais, porque sair uma vez já foi duro demais. Eu não saio mais de Partido. Mas eu não tenho condições de não estar aliado. E, felizmente, no Distrito Federal, nós caminhamos para isso, apesar de fazermos parte do Governo do Governador Arruda, mas ele sabe bem, tive mais de uma conversa com ele, que isso dificilmente chega a 2010; isso é um trabalho conjunto para aquilo que ele quer fazer, como por exemplo, está querendo implantar o horário integral - e aí, como eu lhe disse, a sigla fica por trás da causa, e a gente tem que estar junto; depois a gente vê como se explica ao eleitorado e como a gente faz para recuperar o que vai dar a ele, ao fazer com que isso funcione, com a nossa ajuda, mas também a gente tira certos proveitos de estar juntos, aí é questão eleitoral.

Presidente, desculpe o tempo que tomei para responder, mas não podia deixar de dizer uma palavra a cada um de vocês, que foram tão carinhosos comigo.

Quero concluir, dizendo que a única coisa que lamento é que um dia ouvi a transmissão de um jogo do Grêmio contra o Náutico, e que me incomodou profundamente, porque eu sou Náutico, e sofri... (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senador, quero agradecer ao grande Prefeito de Osório, Presidente do PDT, que nos honra muito com sua presença; ao nosso missioneiro - e o Brasil começou pelas Missões - Adroaldo; ao Deputado Pompeo de Mattos, grande Parlamentar do nosso Brasil, do nosso Rio Grande do Sul.

Senador, quero lhe entregar, em nome de todos os Vereadores, um livro que a Câmara produziu, com o patrocínio da CEEE, que são cenas urbanas lindíssimas da nossa bela Cidade, e quero que o senhor o leve ao Senado. E vamos torcer para que o Senado tenha, na sua renovação, mais Cristovam, mais Pedro Simon, mais Jefferson Peres, mais Tião Viana e menos pessoas que não deveriam estar lá, deveriam estar em outro lugar. Muito obrigado por sua presença. Um grande abraço, leve um abraço de todos nós. (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega do livro.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h59min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo - 16h02min): Estão reabertos os trabalhos. Conforme acordo de Lideranças e Mesa - solicito a atenção dos Srs. Vereadores -, logo após a vinda do Senador, suspenderemos os trabalhos para a Reunião Conjunta das Comissões. Antes de passar a palavra ao Presidente da CCJ, quero fazer a leitura do Ofício do Sr. Prefeito em exercício, comunicando que o Prefeito José Fogaça se ausentou hoje, das 10h10min até às 22 horas, para falar com a Srª Dilma Roussef, Ministra Chefe da Casa Civil, razão pela qual, de acordo com disposição de Lei Orgânica, comunica a esta Casa. Registre-se nos Anais.

Suspendo a Sessão para a Reunião Conjunta das Comissões Permanentes.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h04min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença - 16h23min): Estão reabertos os trabalhos.

Retornamos ao período de Comunicações.

 A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa-tarde Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Vereadoras e Vereadores, público das galerias, quem nos assiste pela TVCâmara, primeiro eu gostaria de fazer uma homenagem especial no dia de hoje, 9 de março, a todas as mulheres guerreiras, lutadoras, que sofrem todos os dias a luta diária do trabalho, da dupla jornada de trabalho depois do horário de expediente quando chegam em casa, é a comemoração do nosso dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Quero agradecer pelos cartões que recebemos, pelos e-mails, mas dizer que, além de uma data comemorativa, o 8 de março tem que ser uma data de reflexão e de luta das mulheres. Afinal, tentam esvaziar de conteúdo uma data tão importante para as mulheres, para as trabalhadoras e para o avanço das conquistas femininas e feministas do mundo. O 8 de março nasceu como uma homenagem às mulheres operárias que reivindicavam melhores condições de trabalho e igualdade salarial lá em 1857, em Nova Iorque, e que, ao protagonizar a primeira greve de mulheres, foram queimadas vivas pelo patrão. Desde então, o 8 de março vem sendo uma data de luta das mulheres no mundo inteiro, não só em homenagem a essas trabalhadoras aguerridas e lutadoras, mas a tantas outras mulheres que, no decorrer dos anos, foram lutando, lutando e lutando para ampliar direitos, para ampliar as conquistas das mulheres pelo mundo. Nós conquistamos, é verdade, o acesso ao voto, o direito à participação política; conquistamos a entrada no mercado de trabalho, conquistamos o direito de tomar a pílula anticoncepcional, que foi duramente batalhada pelas mulheres guerreiras; conquistamos uma série de medidas por meio da nossa organização, mas certamente temos ainda muito que avançar.

Queria trazer alguns dados para relatar a situação da mulher ainda na atualidade com relação, primeiro, à violência doméstica. Hoje, uma a cada quatro mulheres é vítima de violência doméstica, geralmente pelo homem mais próximo - o marido, o companheiro, o namorado. Sete a cada dez mulheres mortas violentamente são mortas pelos companheiros, maridos, namorados. Por isso, apesar das conquistas que tivemos, a violência doméstica ainda está presente na vida de um contingente muito grande de mulheres brasileiras.

Apesar da Lei Maria da Penha, a rede de delegacias da mulher é insuficiente. Temos menos de 350 delegacias da mulher num País de 5.600 Municípios, e, aqui em Porto Alegre, sexta-feira, estive na ampliação da Delegacia da Mulher na Av. Ipiranga; mas, convenhamos, numa cidade com mais de um milhão e meio de habitantes, uma Delegacia da Mulher na Av. Ipiranga, primeiro, é longe, é central, não permite que todas as mulheres vítimas de agressão possam se manifestar, bem como a rede de abrigos para as mulheres vítimas da violência vem sendo sucateada pelo Prefeito Municipal, como a casa Viva Maria, que abarcava as mulheres vítimas da violência.

Também vale a pena dizer da desigualdade salarial que as mulheres, para desempenhar o mesmo trabalho dos homens, recebem, segundo o IBGE, cerca de 60% do salário masculino, ainda mais se tratando de mulheres negras, que recebem a metade do salário de uma mulher branca para a execução da mesma função, ficando evidente a desigualdade de gênero, a desigualdade étnica. Por isso nós temos que seguir lutando pela igualdade salarial e, sobretudo, em tempos de crise econômica, pelo direito ao trabalho, porque, com relação aos trabalhadores informais, 70% são mulheres. No mundo, dois bilhões e 300 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, sendo que 70% dessas são mulheres. Portanto, fica evidente a desigualdade de gênero na questão salarial, na questão do acesso à riqueza.

Agora, em relação à questão municipal, é muito importante tratar de um tema fundamental para as mulheres, que é o direito ao seu próprio corpo e à questão dos direitos reprodutivos. Nós sabemos das dificuldades e do pouco acesso que se tem aos métodos contraceptivos, da insuficiência do sistema público de saúde para que se tenha tratamento e acompanhamento adequados no sentido do planejamento familiar para todas as mulheres e para todas as adolescentes, prevenindo a gravidez na adolescência.

Mas eu quero lamentar o caso que aconteceu aqui em Porto Alegre, e acho ruim que haja setores que queiram transformar isso em lei, que é a questão do implante hormonal nas jovens adolescentes do bairro Restinga. Primeiro, por se tratar de um primeiro teste de um medicamento complicadíssimo, que causou 17% de casos de sangramento acima do padrão aceitável, e a remoção do implante de 23% a 37% em doze meses de uso. Isso para tratar do primeiro teste desse implante, mas ainda é importante levar em consideração a questão da prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, que isso não contribui no sentido de garantir que as mulheres e que as adolescentes do bairro Restinga tenham acesso a métodos contraceptivos. Para encerrar, queria lamentar que a Prefeitura tenha tratado como cobaias as mulheres jovens da periferia da Cidade.

Isso mostra, primeiro, uma falta de compromisso com a luta pelos métodos contraceptivos, pelo planejamento familiar, pela assistência básica às mulheres trabalhadoras, principalmente na periferia, que é onde se testam esses métodos impróprios, impuros e com pesquisas que mostram que afetaram, duramente, a saúde das mulheres.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado, Verª Fernanda. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu, na quinta-feira passada, falava sobre o excesso de Deputados federias e o excesso de Senadores. Hoje recebemos a visita ilustre do Senador Cristovam Buarque, e eu coloquei uma pequena dúvida que eu tinha: como que, perante tantos luminares que estão lá Congresso Nacional, criaram um piso salarial da forma como foi criado? Na verdade, deveria ser um vencimento mínimo, o Senador concordou que deveria ter outra forma. Mas não é esse o meu problema. Se eu tivesse 40 Senadores iguais ao Cristovam Buarque, podem ter certeza de que o Senado Nacional funcionaria muito melhor: competente, capaz, com todos sempre presentes no Senado; há alguns que quase não comparecem ao Senado.

Então, eu tenho todas as dúvidas da necessidade de 81 Senadores. Como eu disse, os Estados Unidos e o resto do mundo têm dois Senadores por Estado. Agora, o Brasil, por alguma coisa, tem três Senadores por Estado. Não há necessidade, até porque nós temos um Estado que tem quatro Senadores, que é o Maranhão, porque o Senador do Amapá mora no Maranhão, portanto é Senador do Maranhão e não do Amapá. Ele só usa o Amapá para se eleger Senador, porque fica fácil pelo poderio econômico que tem. Acredito que os moradores do Amapá não apreciam a sua presença, mas o seu poderio econômico é muito grande. Eu ouço, como disse, muito o Senado, porque lá eu procuro aprender, quando possível. Mas eu nunca vi o Senador Sarney movimentar uma palavra a favor do Amapá, nem do Maranhão também, ele age nos subterrâneos, ele vai no entorno, vai fazendo voltas, deve ser assim que ele faz. Imagino que, então, até consiga alguma coisa para o Amapá, mas a sua palavra não apareceu nunca, não ouvi nunca! Eu já o ouvi falar, mas muito poucas vezes, porque não é dos que mais usam a tribuna.

Por outro lado, há 513 Deputados. O Presidente sempre tem dificuldade em chamar 257 para o plenário, para decidir leis que são de importância vital, leis que estão lá há vários anos, esperando para ser votadas. E, quando terminam de ser votadas, acabam sendo votadas e já não são mais úteis, já passaram, já são superadas, como o Código Civil. Levaram quarenta anos votando o Código Civil. Quando o aprovaram, ele já estava superado, tem que fazer novas alterações. Parece que, se nós tivéssemos menos Deputados e menos Senadores, eles sentiriam mais a responsabilidade de encontrar as soluções, sem esperar que alguém venha do céu e diga o que é para fazer. Então, dessa forma, Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, nós viveríamos em um País melhor, com menos Deputados federais; nós teríamos muito mais recursos para empregar no social se tivéssemos menos Deputados. E, por outro lado, eu acho que de Deputados estudais tem um número mais ou menos certo, não precisa modificar. Agora, Vereadores tem que modificar. Eu não entendo por que Porto Alegre tem 36 e vai ter 37 Vereadores, para cuidar de 500 quilômetros quadrados, e há 55 Deputados para cuidar de 280 mil quilômetros quadrados. A diferença é grande, as necessidades são outras, as dificuldades são maiores, mas são 55 Deputados e se dão bem. Agora, se fossem 80, já haveria problema; eles se dão bem! Nós somos 36 e temos um Projeto na Ordem do Dia, desde 1992. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado, Ver. João Antonio Dib. O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Haroldo de Souza.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Sr. Presidente, Toni Proença, agradeço aqui, de público, ao Ver. Haroldo de Souza, que deu a possibilidade para que nós pudéssemos corrigir algumas inverdades ditas neste microfone. É importante aqui refrisar e recuperar o projeto de colocação dos implantes subcutâneos na cidade de Porto Alegre, como uma das estratégias de planejamento familiar, não é a única. Ninguém obrigou meninas pobres da periferia da Cidade a colocarem o que se tem de mais moderno na Medicina. Ninguém obrigou, a escolha sempre foi livre e consciente. Esse não é um método experimental. Não são cobaias as meninas da Restinga. Esse método é o que se tem de mais moderno em tecnologia médica, é um método liberado pelo FDA americano e liberado pela Anvisa, à venda em qualquer farmácia. O problema é que essas populações periféricas não têm, como a senhora muito bem disse aqui, acesso aos métodos. Então, é importante que se dê a possibilidade de essas mulheres terem acesso ao que se tem de mais moderno em tecnologia médica.

 

A Srª Fernanda Melchionna: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de ler a nota do Ministério da Saúde sobre o método do implante e de que o Vereador comentasse. As críticas do Ministério da Saúde enfatizam - palavras do Ministério da Saúde “A falta de sintonia com os princípios dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de mulheres e homens; As altas taxas de descontinuidade reveladas pelo implante à base de etonogestrel devidas, sobretudo, a seus efeitos colaterais (alterações no sangramento) - um estudo mostrou 17% de casos em que o sangramento assume um “padrão inaceitável” e outros mostraram taxas de remoção do implante de 23 a 37% em doze meses de uso; a baixa efetividade do método - comparativamente aos contraceptivos ...”

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Vereadora, não vá ocupar todo o meu espaço, porque eu não ocupei o seu espaço! Deixe eu refutar V. Exª, eu vou colocar isso aí. Então, a situação é a seguinte: não existe método, na Medicina, que não tenha efeito colateral! Não existe remédio que não tenha efeito colateral! É certo e é claro que os implantes têm seus efeitos colaterais, até aspirina tem efeito colateral. Na nossa população de Porto Alegre, a expectativa pela literatura, que não foi contemplada pela leitura da Vereadora, é de que nós tivéssemos de retirar 10% dos implantes subcutâneos, e tivemos de retirar 5%. E o dado fundamental é que a taxa de natalidade e a mortalidade infantil dessas regiões, que V. Exª disse que foram prejudicadas, diminuiu em 4%. Diminuiu em 4% a taxa de mortalidade infantil na Restinga e a taxa de natalidade dessa região. Então, é fundamental, quando se fala, quando se tiram dados de outros lugares que não Porto Alegre, também ressaltar o resultado positivo que se teve em Porto Alegre. É fundamental, quando se fala em planejamento familiar, enfatizar a questão da escolha livre e consciente das mulheres, preconizar a independência das mulheres, para que não dependam de métodos assistencialistas para sobreviver, que não dependam de “bolsa isso”, de “bolsa aquilo” para custear o sustento da sua família, como V. Exª falou aqui. Então, é fundamental referir isso.

E com relação às DSTs, Vereadora, este grupo de 978 pacientes que lá nós estamos acompanhando, pessoalmente, este grupo diminuiu percentualmente o volume de DSTs; diminuiu em 3%.

Então, é importante conhecer os dados para depois poder fazer alguma colocação nesse sentido.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Aproveitando o último segundo para dialogar com V. Exª, quero dizer que a grande defesa que nós fazíamos é que o preventivo subcutâneo tem que ter em todos os postos, para tratar de situações diferenciadas. Há mulheres que precisam usar camisinhas femininas - eu não preciso ensinar isso para ti - estou falando para a população que nos assiste, e eu tenho tido dificuldade de encaminhar meninas que querem, em outros postos, em outros locais da Cidade, inclusive a Cidade não está em condições de oferecer camisinhas, Dr. Thiago, em muitas situações.

Então, a crítica se estabelece quando se faz um piloto localizado, e não tem uma política geral que trate da diferença.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Mas os implantes, como eu bem mostrei aqui no tempo de Liderança, foram para toda a Cidade. Isso é uma falácia, é uma falácia dizer que foi num local só.

E a questão do preservativo, assim como o anticoncepcional oral e o injetável são fármacos que vêm diretamente do Governo Federal, Verª Sofia Cavedon.

Então, é aí que o Governo Federal tem que explicar porque não manda para Porto Alegre os preservativos, e por que manda anticoncepcional na véspera em que ele vai vencer.

Aí o Município não vai ter. Então, é importante enfatizar isso. Finalizando, Ver. Toni Proença, no nosso Município, os implantes subcutâneos diminuíram a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade infantil nas regiões em que foram utilizados.

É importante, realmente, como vocês falaram aqui, se dar acesso amplo e irrestrito, mas não é vetando o método que a gente vai conseguir dar esse acesso amplo e irrestrito.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Muito obrigado, Dr. Thiago Duarte. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

(O Ver. Adeli Sell reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Ver. Adeli Sell; Vereadores e Vereadoras, eu gostaria de novamente reiterar o pedido de que, amanhã, às 9h haverá a Sessão de Instalação da Frente Parlamentar do Turismo, aqui no Teatro Glênio Peres, às 9h. Aqueles Vereadores que se inscreveram para participar da Frente estão convidados. Queria falar aqui de uma lei, já aprovada no ano passado, que, na verdade, complementou uma Lei Federal de 1996 - aquela lei que proíbe fumar em recintos públicos fechados, esta lei federal está em vigor há mais de dez anos, há 12 anos e, no entanto, porque esta lei, meu caro Ver. Valter Nagelstein, por não ter uma sanção, ela não é obedecida. Então, o que fizemos aqui, em nível Municipal? Colocamos a sanção. Como essa lei não é uma lei com o objetivo de punir os fumantes, e sim de tentar educar para a saúde, essa saúde que tão bem defendeu aqui o Ver. Dr. Thiago há pouco nesta tribuna. Sabemos das inúmeras dificuldades que tem o SUS de ter recursos para atender à Saúde. No entanto, essa doença da necessidade de nicotina, temos que entender que realmente é uma doença que deve ser tratada, não adianta lei, não adianta, precisamos de tratamento médico, de tratamento especializado, temos várias opções de tratamento. Mas queria dizer e incentivar, Ver. Pedro Ruas, pois o SUS gasta um dinheirão com o tratamento desses fumantes. Todo mundo sabe que o fumo traz problemas à nossa Saúde, ele é responsável pela maioria dos cânceres de pulmão, das doenças do coração, inclusive, Ver. Pedro Ruas, de doenças da pele, câncer de pele, a fumaça do cigarro, às vezes, é mais prejudicial do que o próprio cigarro, porque o cigarro ao menos tem um filtro, e, na fumaça, há quatro mil setecentos e vinte substâncias tóxicas; dessas, comprovadamente, oitenta substâncias tóxicas são cancerígenas. Então, meus amigos, os hospitais estão cheios de doentes com problemas pulmonares, esses leitos poderiam estar sendo ocupados por outras pessoas com doenças mais urgentes, mas estão lá gastando o dinheiro por causa de um vício, de uma necessidade imperiosa de nicotina. Então, nós apelamos à sociedade que fiscalizem essa lei: não é permitido fumar em recinto público fechado, inclusive nesta Casa, nem nos corredores desta Casa é permitido fumar. Nós temos o fumódromo lá, que já está amplamente divulgado. Eu estou apelando junto à Mesa Diretora para que os serviços médicos desta Casa, para que a Escola do Legislativo possa organizar uma campanha interna para que essa Lei que foi feita nesta Casa, aprovada por esta Casa, também seja cumprida nesta mesma Casa. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 6643/08 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 270/08, de autoria do Ver. Professor Garcia, que denomina Rua Dr. Marques Pereira o logradouro não-cadastrado, conhecido como Rua A Dois – Vila Nova Ipanema –, localizado no Bairro Hípica.

 

PROC. Nº 6644/08 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 271/08, de autoria do Ver. Professor Garcia, que denomina Rua Alberto do Canto o logradouro não-cadastrado, conhecido como Rua B Dois – Vila Nova Ipanema –, localizado no Bairro Hípica.

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Todos os Vereadores inscritos em Pauta desistem.

Como não houve priorização, e um Veto está trancando a Pauta, nós cumprimos os trabalhos para a data de hoje. Dou por encerrada esta Sessão.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h48min.)

 

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